Rosaura a Sábia

Devana

Rosaura: disegno originale di Manuela Biave

 

Em uma terra feliz, nasceu da jovem rainha reinante, uma formosa menina, viva e saudável. Nessa terra eram as rainhas quem conduziam o povo, e todo o mundo estava contente e tinha o suficiente para viver comodamente em função de suas necessidades. Cada vez que nascia uma menina, sempre este evento se aclamava como uma grande fortuna. Si ademais a menina fosse filha de uma rainha reinante, as pessoas ficavam muito felizes, já que esse fato garantiria a continuidade do reinado de uma mulher treinada e preparada desde sua infância, para sua tarefa futura. E este foi o destino de Rosaura: nome que lhe puseram porque nasceu no amanhecer do primeiro dia de primavera. No momento exato quando sua pequena cabeça se assomava pelo ventre de sua mãe, o céu estava cor de Rosaura, anunciando um dia de sorte, ensolarado e cálido. Para preparar a herdeira do trono para seu papel de liderança, foram convocados pelos quatros rincones da terra as sete Sábias, que teriam a tarefa, e a honra, de guiar a princesa.

Estas sete mulheres de grande inteligência, profunda cultura e experiência chegaram ao palácio depois de cumprir se três vezes treze luas, desde a cerimonia da agua, com a qual se recebeu a Rosaura na comunidade.  As avós Sábias levaram a princesa ao bosque, em uma cabana que só se utilizava para a formação das princesas, enquanto que sua mãe a via desde a grande janela distanciar-se de sua casa com um pouco de tristeza. Rosaura viveria com as boas avós, no bosque, por treze vezes treze luas. Logo voltaria ao palácio para guiar seu povo, primeiro junto a sua mãe e depois, uma vez que se sentisse preparada, sozinha.

As sete Sábias se chamavam: Assiotea, Hipatia, Lastenia, Hildegarda, Brida, Myriana e Gabriela. Assiotea era a mestra de todos os fenômenos da natureza e sabia dos nomes dos espíritos guardiãs de todos os lugares. Hipatia conhecia os movimentos das estrelas, do sol e da lua. Lastenia dançava, cantava, conhecia cada música e todos os sons da natureza. Hildegarda tinha o conhecimento das ervas e fungos que lhes permitiam viajar a outros mundos sem o corpo, também conhecia receitas que curavam todas as doenças. Brida era a mestra do xamanismo, sabia a cerimônia adequada para tudo e, com o seu tear, tecia tapetes com fios encantados que ajudavam a memorizar as histórias sem esforço. Myriana era esperta na alquimia, ele podia criar poções, obter metais valiosos de pedras e chegar ao lugar onde a mente fica em paz. E finalmente Gabriela era a mestra da poesia e, frequentemente ajudava a Lastenia na criação de canções doces e comovedoras que encantavam a todos os seres vivos e serviam para recordar as grandes e pequenas ações.

Rosaura estava contente com as sete avós. Sua vida estava cheia e alegre, as sábias mulheres a ensinaram como acostumar-se a manter o sorriso, apesar do peso da responsabilidade e da quantidade de estudo que tinha que enfrentar todos os dias. De vez em quando regressava ao palácio para passar um curto tempo com seus pais. Mas a maior parte do seu tempo estava cheia de aulas e horas de prática, ademais dos passeios no bosque com Assiotea e Hildelgarda , que ela ensinavam a reconhecer as ervas e os lugares de poder, onde regressava depois com Brida para celebrar um ritual ao Espirito guardião ou com Lastenia e Gabriela para bailar e cantar no meio das arvores, invocando as Sagradas Presenças da mãe Natureza. Pela noite, frequentemente, ficava fora, envolta em uma manta quentinha para escutar a Hipatia, quem descrevia as influencias celestes na vida terrestre e a forma de exploração das mesmas em beneficio do seu povo.

Um dia, para escapar de uma tormenta, se refugiou em uma cova que havia descoberto durante seus passeios diários no bosque. A cova, em que nunca havia entrado antes, estava no outro lado do rio, que gostava atravessar descalça, inclusive no inverno. Dentro estava escuro. Ficou de pé para acostumar os olhos a escuridão e quando isso aconteceu se deu conta que estava exatamente no meio de restos de um circulo de pedra, dentro do qual, de um lado havia o que parecia um forno de barro de dois andares onde se podia reconhecer o local do incêndio na cavidade inferior e o das panelas no nível superior. No canto oposto, Rosauraura viu os restos de um tear de formato estranho, com troços de fios tecidos ainda fixos. Sentia-se irresistivelmente atraída pelo tear.

Pegou o suavemente e se sentou com as costas apoiadas em uma rocha e com os olhos fechados.

De repente, se projetou como em outro tempo.

Sempre estava na cova, mas… Que maravilha!!!

As paredes estavam cobertas com tapetes de cores e também o chão. Em todas as patês se queimavam azeites em potes que iluminavam a grande cova, como se fora a sala do palácio. Haviam mulheres muito bem vestidas embora suas roupas eram de uma forma que Rosaura nunca tinha visto. Pareciam estar celebrando algo. Todas bailavam e cantavam. Algumas tocavam a pandeireta e outros instrumentos que pareciam os sons da natureza.

A visão durou poucos minutos

– Mas, quê estranho… – Rosaura pensou – Me parece que… Essa fada maravilhosa esta me olhando, parecia que… Me vê!!

De fato uma das mulheres da visão, a que parecia ter mais autoridade entre todas, percebia a Rosaura como se estivesse realmente ali com elas. Ela a olhou e nesse momento Rosaura se sentiu sugada para trás e se encontrou na escuridão com as costas apoiadas na rocha, molhada e tremendo, agarrada a um velho tear. Correu para sua casa para contar a história às avós, que depois de escutarem em silêncio até a última palavra, decidiram que ao dia seguinte fariam todas juntas uma visita a misteriosa cova. E assim foi. Ao dia seguinte o sol brilhava e Rosaura acompanhada pelas sete avós foi até a cova depois do café da manhã.

O tear estava todavia no chão onde o havia deixado a noite anterior. A mestra Brida foi a primeira em reconhecê-lo na escuridão e se aproximou com precaução, segurando o em sua mão como uma relíquia. As outras mulheres se colocaram ao redor dela e juntas começaram a cantar e a invocar, movendo se em círculos, a antiga presença das mulheres que haviam vivido em esta cova.

Depois de um tempo apareceu a cena que Rosaura já havia visto anteriormente. Mas, desta vez as dois se fundiram em uma só e, como se o tempo houvesse sido cancelado, as sete Sábias e a princesinha se encontraram junto com as mulheres antigas, justo em meio a festa que estava dando em este quarto. A mulher que no dia anterior havia olhado para Rosaura se aproximou e falou. Era muito alta e tinha um penteado complexo de cabelo castanho que formava como uma coroa. Olhou aos olhos e lhe segurou as mãos.

– Sou Tara – disse – manifestação vivente da Grande Deusa Mãe.  E você é a que foi enviada para aprender a magia dos tapetes.

Tampouco Rosaura nem as sete mestras entenderam a mensagem. Tara a continuação, lhes ofereceu uma bebida doce e densa, que abriu suas mentes e lhes ajudou a ver longe. Começou a explicar

– Quando vivíamos em esta terra, minhas irmãs e eu praticávamos a sagrada arte de tecer que aprendemos diretamente da Deusa Mãe. Políamos em pó fino as pedras preciosas que encontrávamos caminhando nos tuneis da terra. Logo juntávamos a resina e a sávia e com esta porção tingíamos a lã de nossas ovelhas. A lã filada e tingida a continuação, criava nossos tapetes mágicos que tinham a possibilidade de atravessar o espaço e o tempo para nos levar onde queríamos, a encontrar irmãos e irmãs do passado e do futuro. Rosaura você foi chamada a este lugar para levar ao mundo dos vivos, este conhecimento antigo. Mas, para consegui-lo você terá que enfrentar uma dura prova. Como você se sente?

– E que posso fazer? – Perguntou Rosaura um pouco assustada.

– Vai ter que beber uma porção que te fará dormir em esta cova durante 28 noites e 28 dias sem parar. Durante este tempo de sonho se te revelaram os segredos dos nossos tapetes, de tal modo que se possam escrever para transmitir a sua mãe e a suas mestras. Poderás tecer um tapete magico que te permitirá viajar em todo o tempo e lugar, como nós fizemos. Estas de acordo?

– O desejo de conhecimento é mais forte que o medo – disse Rosaura.

Assim Tara se aproximou da mestra Hildegarda e lhe explicou como preparar a porção usando o fungo Amanita Muscaria, a planta Muérdago e a raiz  Mandrágora fervidas. Depois, a visão começou desvanecer-se. Em pouco tempo, a cova se tornou escura, Rosaura e suas mestras se encontraram novamente sós.

Voltaram para casa e esta mesma noite preparou-se todo o que necessitava para a princesinha entrar em seu largo sonho. Cada uma das sete Sábias, queria dar um presente . Hildegarda preparou a porção e a adoçou com dourada mel. Brida lhe deu uma manta quentinha que ela mesma havia tecido, para que se envolvera bem e não esfriasse, Gabriela  e Lastenia compuseram uma canção para acompanha-la enquanto ficasse dormindo. Hipatia invocou para que as estrelas fossem propicias e Assiotea  fez o mesmo com os espíritos guardiãs da cova. Finalmente Myriana lhe ensinou a separar sem dor seu corpo de sua mente, para viajar rapidamente na visão.

Rosaura com estes presentes entrou na cova a noite seguinte. Encontrou uma grande rocha que se semelhava a uma cama, se envolveu com sua manta quentinha e depois de invocar a proteção dos espíritos e da Deusa Mãe, bebeu a porção. Se tumbou na rocha e ficou profundamente dormida.

Viajou sobre as montanhas e oceanos, sobre os telhados dos edifícios e as imensas pastagens. Ao final da viagem, se encontrou de novo na cova junto a Tara e suas irmãs tecendo. Quedou se com elas 28 dias no passado, enquanto seu corpo dormia no presente. Aprendeu a moer pedras para tingir a lã e tecer com os nós dos desejos, acompanhando com a respiração os movimentos das mãos. Quando havia memorizado tudo. Tara lhe abraçou.

– Agora que já sabes como fazer, podes tecer você mesma seus próprios tapetes de viagem e vir aqui sempre que desejas. Utiliza este conhecimento para o bem de tua gente. Graças ao tapete mágico, pode buscar respostas e conhecimentos em cada lugar e isto lhe ajudará a ser uma boa rainha e uma boa guia para seu povo.

Rosaura agradeceu a formosa mulher e ele começou a deixar-se atrair pelo seu corpo deitado na rocha. Quando acordou, encontrou ao redor as boas avós que estavam esperando seu despertar. Haviam trazido pergaminhos e tinta para escrever de imediato os segredos da arte magica de tecer, para que não se esquecera. Com este largo sono, Rosaura havia terminado sua aprendizagem, de modo que agora estava preparada para voltar ao palácio e tomar seu lugar junto a Rainha, sua mãe.

Os rolos de pergaminho foram depositados na biblioteca com todos os honores e desde então aquela terra que já era feliz, foi ainda mais, pois, Rosaura e suas herdeiras teciam tapeçarias maravilhosas para viajar entre os mundos.

Texto escrito por Devana

Traduzido por Helena Pinheiro Bastos

Ilustração Manuela Biave